Edifício H. Stern
Sala da Vice-Presidência
Diretoria
Departamento Financeiro
Área de Produção
Departamento de Marketing
Departamento de Manutencão
Departamento de Recursos Humanos
Refeitório
Área para Guided Tour
Sala de Vendas / Boutique
Loja de Jóias
Loja de Presentes
EQUACIONAMENTO GERAL DO PROGRAMA
O programa de necessidades para o novo Edifício H.Stern, dividido em áreas Comerciais,
Operacionais, Administrativas, Técnicas e de Apoio, além das informações quanto a "relações de proximidade" e "níveis de hierarquização" e, fundamentalmente, a visita às instalações da Sede da Empresa no Rio de Janeiro, sugeriram-nos o equacionamento do programa através de três volumes nitidamente separados: o Salão de Eventos ao alto, as áreas administrativas e produtivas no meio da altura do edifício e, abaixo, ainda elevado, o volume com as áreas destinadas aos clientes estrangeiros. Os andares intermediários aos volumes serão ocupados pelos ambientes que demandam áreas de terraço, como o andar da Vice-Presidência, abaixo do Salão de Eventos e o Refeitório para os Funcionários, entre os outros dois volumes. (des.1)
Essa organização de volumes em altura, além de evitar a dimensão excessiva de um bloco único, permite a leitura da complexidade do programa.
As Lojas destinadas aos clientes nacionais, junto à rua, serão abrigadas pela projeção do volume com o Guided Tour, o Museu, a Boutique e a Sala de Vendas. Entre estas e a Loja de Jóias, essencialmente transparente, e a ambas servindo, um quarto volume, fechado, conterá o Estoque Central de Jóias (Cofre). (des.2)
DEFINIÇÃO DO VOLUME DO EDIFÍCIO E IMPLANTAÇÃO
O terreno, com 1.190,00 m2, está situado em área definida como Z4 no Zoneamento da
Cidade de São Paulo. As posturas para essa zona prevêem que o aproveitamento máximo,
e quatro vezes a área do terreno, só seja atingido se a projeção do edifício não exceder e 35% da mesma. Assim, para o máximo aproveitamento da área (4.763,84 m2) a projeção se restringirá a 416,80 m2.
A divisão da área total (4.763,84 m2) pela projeção (416,80 m2) resulta 11,43, ou seja, 11 andares e meio. Entretanto, a loja do andar térreo com seu mezzanino e os andares intermediários com terraços não ocuparão toda a projeção. Assim, a soma das áreas do programa que ocuparão o térreo e os andares elevados será distribuída em 14 pavimentos, com o edifício alcançando uma altura que o destaque das edificações vizinhas.
A área de projeção de 416m2 foi traduzida em um retângulo áureo (os lados na relação de média e extrema razão: a/b = b/a-b) medindo 16 m x 26 m (a largura de 16 m é extremamente adequada aos andares de escritório ou de produção). A altura total dos 13 andares elevados (13 x 3,24 m = 42,12 m) também guarda uma relação áurea com o comprimento do retângulo de planta. Assim, o volume total do edifício está contido num paralelepípedo áureo ou de "proporção divina", como diziam na Grécia antiga. (des.3)
A altura total do edifício (térreo inclusive), H=46,20 m, requer um afastamento mínimo para iluminação e ventilação dos compartimentos de permanência prolongada (A2=H/4-3) de 8,55 m. Já para os compartimentos de permanência transitória (A1=H/7-3) o afastamento mínimo é de 3,60 m. Por outro lado, os compartimentos de permanência transitória (banheiros, copa, escada e elevador) devem, na planta adotada (16 m x 26 m), concentrar-se numa caixa de prumadas junto a um de seus lados menores para liberar o restante do andar e facilitar a manutenção das instalações aí concentradas sem conflito com o funcionamento do restante do andar.
Assim, o edifício vai se implantar na direção N-S, perpendicular à rua Leopoldo Couto de Magalhães Jr., respeitando os afastamentos requeridos, e voltar a face ocupada pela caixa de prumadas para o Norte, para a fachada de serviço do edifício vizinho já construído na rua Dna. Luísa Júlia. As demais faces, muito superiores como paisagem, estarão liberadas para os ambientes de trabalho previstos no programa. Além disso, no térreo, com a caixa de prumadas no fundo do terreno, toda a esquina ficará liberada para o acesso e visualização das lojas.
No pavimento térreo, a calçada da rua Leopoldo Couto de Magalhães Jr. vai estender-se até atingir a largura de 10 m, pavimentada em mosaico português preto, área para chegada e saída de veículos ou pequena praça, futuro ponto de encontro adequado ao caráter de boulevar que podemos prever para a av. Juscelino Kubitschek. Deste calçadão elevado de 5 cm, um grande quadrado de 22,80 m de lado, pavimentado em granito cinza polido, define a área privativa do pedestre, o trottoir que percorre as vitrines das lojas e demarca o acesso às mesmas e às portarias.
Visitantes especiais e clientes estrangeiros, que usarão os elevadores panorâmicos, subirão a pequena escada na frente para a portaria dos mesmos. Clientes nacionais terão acesso, seja direto em nível à Loja de Jóias após percorrer as vitrines, já sob a cobertura, seja descendo para a Loja de Presentes, ou ainda à mesma demandando em nível pela outra entrada, na rua lateral. Do lado oposto, o trottoir se estende coberto, paralelo à vitrine da Loja de Jóias, e dá acesso aos funcionários e demais visitantes à Portaria Geral do Edifício, no 1º Sub-Solo.
Os veículos recolhidos por manobristas no calçadão descerão para as garagens em subsolo pela rampa de entrada junto à divisa oeste do terreno, e serão devolvidos após terem subido pela rampa de saída junto à divisa norte, percorrido trecho da rua lateral, e chegado ao mesmo local fronteiro, na mesma direção e sentido da chegada.
A Loja de Jóias desenvolve-se a partir do seu acesso no térreo em diversos meios níveis ascendentes, com áreas de cerca de 65 m2, que evitam a desfavorável impressão que a mesma, quando eventualmente vazia, pode causar e, ainda, lhe conferem o caráter mais privado que sua forma de venda requer.
GARAGENS
As duas Garagens, com lotação prevista de 60 veículos (com manobristas), exigem acessos em duas mãos de direção com 3 m de largura cada. Se fizéssemos o acesso às garagens através de rampas com duas mãos, com os raios mínimos obrigatórios (6 m) para as curvas, comprometeríamos quase que em 60% a área dos Sub-Solos. Optamos então pelo sistema de duas rampas helicoidais superpostas, descendente e ascendente que, além de se concentrarem em área mais reduzida, permitem que a entrada e a saída sejam independentes. Os espaços resultantes no interior das rampas têm as dimensões e localização adequadas aos equipamentos pesados das instalações, como Subestação, Geradores e Reservatório Inferior.
ESTRUTURA E PROCESSO CONSTRUTIVO
A estrutura proposta para o edifício e seu processo construtivo procuram tirar partido das necessidades do programa e atender economicamente à condição de funcionamento das lojas, simultâneo à construção dos demais andares. A qualidade do subsolo e o nível d'água elevado (cota -1,50 m em média) obrigam a execução da periferia dos Sub-Solos através de paredes diafragma, e por outro lado indicam o interesse na concentração dos apoios e correspondentes fundações.
A caixa de prumadas constitui-se, através de "paredes-cortina" de concreto, em área localizada de apoio e contraventamento da estrutura. As prumadas dos elevadores panorâmicos, do elevador de mercadorias e, ainda, a prumada hidráulica secundária (que vai permitir a instalação de sanitários suplementares em certos andares, e dos fan-coils do ar-condicionado central) são outras áreas de apoio localizadas, sugeridas pelo programa. Trata-se, então, de valer-se da necessidade dessas prumadas nos locais adequados às suas funções, coincidentes aos de apoio das lajes e conferir-lhes o papel de elementos estruturais básicos. (des.7)
Esses apoios serão executados através de fôrmas deslizantes desde as fundações, no espaço aberto pelas paredes diafragma. Atingido o nível térreo, simultaneamente ao prosseguimento das fôrmas deslizantes para cima, será executada a laje do mesmo.
Abrem-se então duas frentes de trabalho:
a) execução das lajes dos subsolos e subseqüente aproveitamento dos mesmos para depósitos de materiais e canteiro.
b) execução acelerada dos apoios até a cobertura, quando então estarão liberados os poços e a casa de máquinas dos elevadores para medição e imediato início de execução dos mesmos, ítem crítico no cronograma de qualquer obra de edifício alto. A caixa de prumadas será calculada para execução, independente dos 3 apoios restantes que serão vinculados entre si a cada andar por lajes transversais ao edifício. (des.8)
Na medida em que os apoios forem sendo executados, o serão as lajes elevadas das lojas, para que as mesmas sejam o quanto antes liberadas para instalações e acabamento.
A estrutura do edifício se complementará através de processo semi-préfabricado que, além de ter prazo menor de execução, minimizará as interferências com o funcionamento das lojas. O período da obra mais pesado, sujo, com muita fôrma e cimbramento já terá terminado. Serão então executados os pavimentos em lajes pré-fabricadas, suportadas por vigas centrais em "U" invertido, com vãos de 16m e balanços de 5 m, protendidas, e por vigas "Vierendell" de fachada, com altura de 3,24m (piso a piso), todas fundidas "in loco", em fôrmas remontáveis. (des.9)
BRISE-SOLEIL
As vigas "Vierendell" nas fachadas leste e oeste ensejaram a solução para a necessária proteção das mesmas do sol da manhã e da tarde. Seu desenho será complementado por elementos pré-fabricados de alumínio fundido que, além de resistirem a ação agressiva da atmosfera de São Paulo (poluição e umidade excessiva) vão permitir com facilidade e precisão os encaixes para as esquadrias e para as lâminas quebra-sol (des.10).
Podemos estimar que o uso destes elementos de fachada, além de dispensar o uso de cortinas ou persianas que cortem o sol direto nos ambientes de trabalho, vai representar a economia de 40% no consumo e manutenção do ar condicionado central e, ainda, permitir uma distribuição mais equilibrada de aclaramento nos ambientes de trabalho (des.11).
Já a fachada sul, sem o problema de sol direto e, totalmente desprovida de elementos estruturais à exceção das lajes pré-fabricadas (40 cm de altura), será fechada por "curtain-walls" no sistema "só-vidro", ou seja, com os montantes por dentro.
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS, DE TELEFONIA E DE INFORMÁTICA
A rede elétrica terá entrada subterrânea em alta tensão para a Subestação onde está prevista uma carga instalada de 1.500 KVA. Junto à Subestação estará instalada uma cabine de barramento do tipo blindado para o controle geral das cargas do edifício.
Sob a Subestação e a ela interligada por escada para facilitar a manutenção estarão instalados 3 geradores com potência de 375 KVA cada, suficientes para garantir automaticamente, no caso de falta de energia a iluminação, o funcionamento de elevadores e a ventilação do sistema de ar condicionado.
As linhas mestras de alimentação de luz e força passarão por galerias técnicas horizontais no teto dos sub-solos e verticais na caixa de prumadas (des.12).
As linhas do sistema de telefonia e informática, sistema de segurança, iluminação de emergência, etc., correrão verticalmente também pela Galeria Técnica da caixa de prumadas e serão distribuídas nos andares sob o forro removível dos mesmos.
Serão executadas tubulações independentes especiais para os detetores de incêndio
(iônicos, térmicos, infravermelho, etc.) interligados ao Centro de Monitoramento do Prédio onde microprocessadores farão a resolução das decisões a tomar e o eventual acionamento automático dos sistemas de combate a incêndio.
Serão igualmente instaladas tubulações especiais de informática onde estarão incluídos os sistemas de segurança contra roubo, emergência, controle dos sistemas de instalações elétricas e hidráulicas, seu controle de consumo, bem como o do ar condicionado central, tudo isso controlado no Centro de Monitoramento do Prédio através de microprocessadores.
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS
Como já mencionamos antes as instalações hidráulicas estarão basicamente concentradas na caixa vertical de prumadas (des.12). Esta será encimada pelos reservatórios elevados de água para incêndio (120 m3), ar condicionado (15 m3) e consumo (28 m3) complementados pelo reservatório no último subsolo com 198 m3.
As prumadas de água para consumo e esgoto descerão por "shafts" independentes localizados junto à área destinada a banheiros e copa. Serão executadas tubulações independentes para aparelhos com válvulas e aparelhos comuns e, no sentido de evitar sobre-pressões, serão empregadas válvulas reguladoras. As mesmas tubulações serão duplicadas para independentemente servirem a andares alternados evitando que em caso de manutenção todo o edifício se veja impossibilitado do uso das instalações sanitárias.
O mesmo vale para os tubos de queda dos esgotos. O deslocamento horizontal das tubulações será feito sob o piso, aparentes no teto do andar inferior e recobertas por forro removível. Com os mesmos critérios será executada a prumada hidráulica secundária.
Todas as águas servidas das dependências sanitárias e de trabalho dos andares elevados do edifício serão escoadas por gravidade. As dependências sanitárias abaixo do nível da rua terão suas águas servidas desaguando em poço coletor bem como os ramais de captação das águas de lavagem ou pluviais que incidem nos subsolos. O poço coletor estará conjugado à estação de recalque, com duas eletrobombas de funcionamento automático, que trabalharão alternadamente através de microprocessamento.
O escoamento das águas pluviais da cobertura será feito através de condutores concentrados na prumada hidráulica secundária e na caixa de escada.
INSTALAÇÕES PARA COMBATE A INCÊNDIO
As instalações para combate a incêndio prevêem além da colocação de hidrante no hall de elevadores a instalação de sprinklers de acionamento automático em todas as dependências do edifício. Suas tubulações correrão sempre sobre os forros e a partir da caixa de prumadas. Serão instalados dispositivos eletrônicos conjugados com microprocessamento que comandarão as válvulas eletro-mecânicas que suprirão os sprinklers dos respectivos setores. Nas áreas concentradas com equipamentos eletro-eletrônicos como a sala de monitoramento do prédio e o CPD serão empregados difusores de Gás Carbônico em substituição à água.
AR CONDICIONADO
O sistema de ar condicionado é o de expansão direta por condensação a água. A avaliação preliminar da capacidade total a ser instalada é de 540 TR (toneladas por refrigeração). Essa capacidade será modulada em três resfriadores de 180 TR interligados através de bomba a uma torre de resfriamento cada. Todo esse equipamento estará favoravelmente instalado na cobertura do edifício.
Para a distribuição do ar condicionado nos andares do edifício serão executados dois sistemas independentes. Já que as fachadas leste e oeste receberão o sol em horários opostos, se adotarmos uma distribuição uniforme as salas voltadas para poente estariam excessivamente frias pela manhã enquanto que as salas opostas estariam quentes.
Vice-versa no período da tarde.
Assim, haverá uma distribuição para a zona interna através de dutos e retorno canalizado que serão alojados na viga em "U" invertida que corre no eixo longitudinal dos andares.
Esses dutos estarão ligados a um fan-coils central por andar que será instalado em "cabinet-container" de alumínio "plugada" na área de apoio estrutural que denominamos prumada hidráulica secundária que inclui a tubulação de água gelada que vem da cobertura (des.13).
Para a zona periférica haverá a distribuição localizada com possibilidade de controle da temperatura de cada ambiente através de fan-coils individuais que serão alojados no teto entre as nervuras. A tubulação de água gelada que os alimentará correrá pelos vazios existentes nos elementos pré-fabricados de alumínio fundido das fachadas (des.14).
A conjugação dos dois sistemas permitirá um controle melhor da temperatura nos vários ambientes que além de orientações diversas prevêem também funções diversas (escritórios, áreas de produção, salão de eventos, etc.) bem como maior flexibilidade para instalação face a mudanças eventuais de Lay-out.
O sitema de ar condicionado proposto, como um todo, implica em menor nível de ruído, menor custo operacional e ainda um menor investimento inicial.