Museu Brasileiro da Escultura
Área para exposições de escultura
Área para exposições de desenho e pintura
Auditório
Oficina de restauro
Sala de consulta
Administração
Cafeteria
Depósito
Pátio para carga e descarga
Estacionamento - Subsolo 124 vagas
Estacionamento - Térreo 36 vagas
Arquitetura não é escultura. Obra de arte, seja, o edifício deve sempre servir. Neste museu, sevirá à escultura como sua "base". Nesse papel não deverá, entretanto, anular-se como uma base neutra, descomprometida, mera função de apoio, abrigo ou pano de fundo. A arquitetura deve aqui procurar assumir o papel de complemento dialético que Brancusi conferia às "bases" para suas esculturas: atribuía significado aos materiais que as ligavam à terra, associando-os às mesmas.
A arquitetura deste museu procura reunir as condições para assumir o mesmo caráter dialético perante a escultura, além de atender às funções previstas pelo programa.
Os espaços adequados à exposição de peças de porte variado e desenhos dos escultores (a essência do museu) foram articulados através de pisos, paredes e tetos encadeados, que se desenvolvem desde o mezzanino até a plataforma a céu aberto, a oeste. A forma contínua que abriga a sucessão de espaços internos e externos, altos e baixos, abre-se nas laterais, para a luz natural, variada e oblíqua, que dá o claro escuro na escultura; e para a vista das peças do jardim.
Este museu, transparente para quem passa, é, afinal, a "base" que procurávamos.
Alongado, o edifício foi implantado paralelo à Avenida Europa e recuado 25 metros. O passeio variado que leva os pedestres para mais perto das esculturas do jardim dá continuidade ao calçadão do Museu da Imagem e do Som. É por aí que se vai à plataforma, por rampa no terreno até o grande degrau metálico vazado, pausa-transição (grelha para limpar os pés, também) e, então, o terração coberto de entrada.
Quem chega de automóvel, se vem do centro, percorre a frente do Museu, dobra a esquina, e pela Rua Alemanha entra no pilotis semi-enterrado, continuação do calçadão, até a área da recepção. É nesse ponto que estão as escadas que levam seja ao interior do museu seja ao terraço coberto da plataforma e, também, é daí que se desce para as garagens em subsolo.
Seguindo em frente, ao fim do pilotis, e mais uma vez à direita, toma-se a rampa de saída, para a Avenida Europa.
Com isso fica estabelecida a circulação dos carros sempre na mão.
O recuo de fundo, também com cerca de 25 metros, foi ocupado pelos demais espaços do programa, organizados em torno de um pátio, que, em continuidade à área da recepção, abriga a cafeteria, com vista, de ponto elevado, para a oficina de restauros. O pátio é, ainda, foyer para o auditório e acesso direto ao centro de documentação e, mais adiante, ao pátio da administração. Tudo isso sob laje com jardim em cima.
A oficina de restauros e depósito abrem-se a leste para o pátio de carga e descarga a que se chega pela continuação da rampa que desce da Avenida Europa.
Ao considerar que um pilar, por mais simples que seja, cilíndrico por exemplo, pode sempre rivalizar com certas esculturas, assumimos o vão maior para os grandes espaços de exposição. Ele se resolve através de balanços contrapesados e atirantados. Dois pilares sustentam duas vigas caixão, protendidas, de secção variável (o máximo de 2,30m sobre os dois apoios). Seu duplo balanço atiranta nas extremidades a laje do mezzanino (os quatro tirantes se resumem a doze cordoalhas de 1/2" alojadas num tubo de 6").
As vigas caixão tem sua continuidade em duas vigas em "U" que vencem o vão principal apoiando calhas também em "U", transversais ao edifício, que vencem o vão entre as vigas principais e, na ponta de seu balanço, sustentam e são travadas pelas vigas de borda. Entre essas calhas de concreto serão fixadas telhas trapezoidais de alumínio que, para vencer o vão sem o uso de terças, serão previamente contraflexadas por tirantes, retirados após a fixação das telhas nas calhas. Estas sustentam ainda o forro que prevê espaço necessário para as instalações.
Esta solução de cobertura, que tem o propósito de reduzir as cargas normalmente elevadas em vãos como o que adotamos, e ainda evitar os costumeiros problemas de impermeabilização, foi transposta para a área limitada pela vigas caixão. Com isso encontramos, como solução natural, no desvão entre as duas coberturas, as aberturas ("shed") que vão deixar que a luz diurna se difunda no forro (aí translúcido) e corrija o eventual baixo aclaramento nesta área, eventualmente ocasionado pela sombra de painéis para exposição de desenho e pintura.