Pavilhão Pindorama
Sala de jogos / Carteado
Sala de snooker
Sala de vídeo / som
Sauna seca
Sauna úmida
Vestiário / Sala de repouso
Pátio coberto
Estrutura: Concreto armado
Cobertura: Laje de concreto armado impermeabilizada
Laje: Concreto armado
Alvenaria: Concreto armado com enchimento de tijolos cerâmicos
Caixilhos: Ferro
Acabamentos: Pintura sobre concreto à vista
Pisos: Cimentado, carpete e epóxi
Em Cabreúva, Estado de São Paulo, foram realizadas na Fazenda Pindorama três obras em três momentos distintos. Recém-formados, Augusto Malzoni, Cristina Pisa e eu projetamos em 1969 o haras: um conjunto de edificações que iriam abrigar uma criação de cavalos puros-sangues. Foi adotado um partido "urbanístico" : as construções previstas implantadas em torno de um pátio, onde os cavalos seriam tratados protegidos dos fortes ventos da região, núcleo de onde se desenvolveriam posteriormente novas cocheira(croquis 01).
Em 1974, Augusto e eu desenhamos a casa-sede da fazenda no alto de uma suave lombada com vista para a paisagem em todas as direções. Essa condição nos levou a uma construção horizontal onde o programa se organizou em torno de dois pátios internos, verdadeiras "salas ao ar livre", protegidas dos ventos, com o desfrute da paisagem e o necessário caráter acolhedor diante da mesma(croquis 02). Além disso, nesse projeto foi determinante a escolha de um rigoroso sistema construtivo : abóbadas de blocos de concreto apoiadas em paredes de alvenaria armada igualmente de blocos.
O Pavilhão Pindorama é uma construção anexa à casa-sede. O local escolhido e seu programa destinado ao lazer indicaram uma atitude nova, mais livre e, já no próprio projeto, até lúdica. A obra deveria a um tempo : sugerir seu uso ao estimular a fantasia e ganhar o caráter de escultura ao ar livre liberta da disciplina imposta pelos programas dos projetos anteriores.
Inicialmente, foi procurada em vão a forma pura que abrigasse naturalmente as funções propostas e se inserisse positivamente naquela paisagem. Polígonos regulares ou mesmo a planta circular, ainda que levassem a volumes sugestivos, conferiam aos espaços sacrifícios geométricos e comprometiam as funções propostas.
O caminho oposto, de organizar criteriosamente o programa, e de dentro para fora, sem geometria preestabelecida, chegar a uma construção onde a forma decorre do arranjo funcional, da circulação, da orientação ou do sistema construtivo, também não apontou a solução livre desejada.
Então, formas e procedimentos conhecidos foram descartados para que, a partir de uma explosão original, se desse livre expressão a cada parte específica do programa.
Com as cores primárias empregadas como matéria-prima na construção das superfícies, cada espaço-volume foi concebido em separado para bem abrigar e ao mesmo tempo revelar a atividade que ali se daria : super-elipse amarela = snooker; revelar a atividade que ali se daria : elipse vermelha = vídeo / som; revelar a atividade que ali se daria : prisma azul = sauna; revelar a atividade que ali se daria : parábola vazada = carteado.
Em seguida, foram transformados em pequenos modelos coloridos de armar.
As regras do jogo: qualidade plástica do conjunto, orientação, vista para a paisagem e proteção contra os ventos.
O modelo mostrou que a circulação se faria livremente num espaço até então imprevisto, "vácuo" resultante da "explosão original" a ser ocupado por múltiplas funções : basquete, tênis de mesa, bailes, etc...
Nesse momento, o desenho deste espaço, um pátio coberto, paralelepípedo na proporção áurea, tornou-se preponderante e orientou o arranjo definitivo, a solução procurada.
Necessário se fez o relato das três experiências para descobrir os elementos nelas comum: o pátio. No haras, o pátio, tomado como partido, deu origem à composição; na casa-sede, foi a solução adotada face às condições naturais do lugar; no pavilhão, o pátio, espaço coberto, agora é conseqüência, dedução alcançada através da maneira de projetar.